“ Uma violeta sem um colibrí...!”

   “ Estava ouvindo a música “Chão de giz” ,autoria do cantor e compositor Zé Ramalho e uma frase me chamou a atenção;”Há tantas violetas velhas sem um colibri...”Eu imagino que milhares de pessoas já ouviram esta linda melodia e nunca prestaram atenção no que pode significar o conteúdo desta frase.E você,já havia pensado nisto?

   Quanta poesia esta contida nesta frase!Quanto amor escondido entre as 34 letras  que compõem as 7 palavras e que vão formar esta tão significativa frase!Mas preste atenção nas lágrimas que rolam dela por toda uma nescessidade que a flor tem do pássaro e este dela e que está escondida no encanto da canção;caso prestemos a devida atenção no que estamos ouvindo,conseguiremos entender...

   Nesta vida tão linda e tão misteriosa, por às vezes ter que nos deparar com situações que não conseguimos entender o porque de estar acontecendo com a gente,ainda assim,não deixamos jamais de tentar seguir em frente,pois em cada curva do caminho,Deus nos presenteia com tanta beleza que pode estar contida em uma nova amizade,em vitórias ou em ânimo renovado para continuar seguindo em frente.Mas aqui estava eu tentando entender o significado de tantas violetas velhas sem um colibrí...

    A música se refere à muitas violetas e que elas estão velhas e sem um colibrí...Tem pessoas que pensam que as flores foram criadas por Deus para enfeitar e perfumar  as nossas vidas e usam-nas em toda uma existência fútil e sem tanto proveito no que realmente significam.Deus é tão perfeito em sua criação,mas nem sempre percebemos os milagres que Ele nós provêm todos os dias e talvez esteja aí,o motivo de tanta violência entre os homens.Todos os animais têm o seu próprio meio de se sustentarem e ainda contribuem para sustentabilidade dos homens.Você já se deparou com uma bela flor que nasceu entre as pedras,em um lugar deserto e distante?Você já se perguntou de como ela foi parar ali?Ou quem foi que a plantou justamente naquele lugar e porque?A resposta é simples:um pássaro comeu a semente e quando estava voando sobre aquelas pedras,defecou e a sementinha que ele havia comido,germinou ali,fazendo brotar aquela linda flor.Não é um milagre?

    A maioria das flores servem de alimentação para inúmeras espécieis de pássaros.No núcleo de cada flor existe um néctar que é sugado por alguns pássaros e entre eles,estão os colibrís,também chamados popularmente de Beija-flores.Este néctar é rico em glicose e é tão importante na alimentação destes pássaros.Por isso,a importância de um para o outro...

   Mas eu não ví na frase apenas a importância de um existir para o outro.Ví um pouco mais adiante e fiquei triste pelo que consegui enxergar através das palavras.Entendi que há uma semelhança no que a frase fala das violetas sem um colibrí e o que acontece em relação ao amor,nas nossas vidas...

   A sementinha de uma violeta germina e desponta por entre os grãos de terra.Sai livre das entranhas dela e começa a crescer.Fica forte e em um belo dia,presenteia o mundo com uma belíssima flor.Enfim ela está fazendo o seu papel de contribuir com a natureza.O tempo passa e ela espera por um colibrí.Os dias vem e vão e o seu colibrí não aparece para usufruir do maravilhoso néctar que ela tem armazenado com tanto carinho em seu interior.Interior preparado e tão esperado para o momento mágico do encontro que se dará entre ela e o seu beija-flor.Interior virgem e somente dele...A espera se torna impaciente e desconfortante,pois o tempo passa tão depressa e as suas forças estão se esvaindo,as suas folhas já não estão viçosas e a flor sente que o néctar está secando...Este precioso líquido só tem valor para a flor, se alimentar o seu esperado amigo.O dia amanhece e ela percebe que está murchando prá vida e nem sinal do seu colibrí.Percebeu a tristeza contida na frase?”Há tantas violetas velhas sem um colibrí...!”Eu falei de uma violeta e a frase fala de muitas sem um colibrí.Só um.Apenas um faria a felicidade de tantas flores...

    Em nossas vidas acontece também assim.Quantas pessoas desabrocham para a vida esperando encontrar-se  com a sua alma-gêmea e o tempo passa e elas vêem suas vidas murchando na solidão.Você já andou nas ruas,passou por alguém e imaginou se ela também espera por algo assim?Se nunca fez isso,faça uma prova e depois medite no solidão da espera que esta pessoa vive.

    Eu não posso ser uma violeta,mas me vejo como um colibrí que está voando à muito tempo,tentando encontrar a minha violeta.Não importa se ela está ficando velha.Eu também já nem aguento mais voar...Já nem me lembro mais do sabor do néctar que desejo extrair...Apenas continuo a voar em sua direção,todos os dias,até que eu caia de cansaço na tentativa de um último vôo ao seu encontro...

   Eu senti a dor das violetas envelhecendo dia após dia,sem saber o que tinha acontecido com  o seu colibrí.Este mistério poderá ser desvendado um dia destes.Mas,penso que de nada vai adiantar para aquelas violetas,se elas deixarem de existir.O melhor de tudo é que,enquanto alguém cantar a canção,elas estarão vivas e com esperança de,um belo dia,ouvirem o farfalhar de asas e avistarem  bem perto,o seu tão amado e desejado colibrí,também conhecido popularmante de beija-flor...

    Quanto a mim,ainda estou voando em sua direção.Sinto que minhas forças já não são as mesmas.Não importa.Eu vou chegar.Se eu não conseguir voar mais,vou na rodoviária mais próxima e chego  até você de ônibus.Se não conseguir ouvir o bater de minhas asas,com certeza ouvirá o barulho do motor de um coletivo...

   Há tantas violetas velhas sem um colibrí...Quanta dor e esperança em forma de poesia,para cantar o amor...Amor sofrido...!”

02/07/2011                                                                                                                            Nilo Mendes.